Ao longo dos anos, o caminho de ferro marcou de forma preponderante, em termos socioeconómicos, a região demarcada do Douro.
A Casa Foz do Corgo Rústica, é a casa original, de arquitetura muito antiga, e foi construída em 1905 por um carvoeiro que vendia carvão vegetal para as locomotivas da CP, das linhas do Douro e Corgo.
Mais tarde, o Sr. Camilo comprou a Casa Foz do Corgo ao carvoeiro, tendo entretanto decidido emigrar para a Venezuela.
Estando a casa livre, o seu proprietário decidiu arrendá-la, sendo então arrendada pelos meus pais.
Foi assim que começou a minha história na Casa Foz do Corgo, onde vivi uma infância e adolescência feliz, onde construí com os meus amigos um castelo de pedras, onde joguei futebol num pequeno campo improvisado sendo uma oliveira o poste da baliza.
Senti o aroma e o sabor das uvas; fazíamos todos os anos uma pequena vindima de meio dia, sendo as uvas vendidas para a Adega Cooperativa da Régua.
Na Casa Foz do Corgo temos várias árvores de fruta, em modo de produção biológica: videiras, laranjeiras, limoeiro, tangerineiras, figueiras, diospireiros, amendoeira, romãzeira, cerdeiras, pereiras, pessegueiros, ameixoeiras, oliveiras, marmeleiro, nogueira e uma pequena horta Bio.
A Casa Foz do Corgo tem acesso direto para o rio Corgo e o rio Douro, onde, nos tempos da minha infância, pesquei barbos, bogas, rabecos e enguias com o meu pai e irmãos, onde, nas noite de verão, adormecíamos ao som das rãs e do rio Corgo a correr em modo tranquilo .
Na zona exterior da casa, existia apenas ramada e em frente, na Quinta da Vacaria, existia também uma ramada; imagens documentadas por um vídeo muito antigo feito por um jornalista da BBC, onde surge a ponte ferroviária do Corgo e a área exterior da Casa Foz do Corgo e a quinta da Vacaria.
A Casa Foz do Corgo fica localizada na foz do rio corgo, com uma fauna (corvos marinhos, patos bravos, garças, etc.) e flora (planta em vias de extinção: trevo de quatro folhas) muito específicas, tendo como elementos de enquadramento distintivo de edifícios: a Ponte Ferroviária do Corgo (linha do Douro e linha do Corgo, já extinta), a Casa do Douro, Oficinas de manutenção da CP e a Estação Ferroviária do Corgo.
Em frente à Casa Foz do Corgo, podemos visualizar as vinhas da Quinta da Vacaria fundada em 1616.
A história da nossa região está escrita nas nossas paredes. A zona quase inalterada mantém toda a magia do passado.
Quando as coisas ainda eram feitas para durar, nesta paisagem paradisíaca, entre a nossa pedra e o ferro.
O nosso rio... a nossa foz. Toda a beleza que a nossa casa já viu com o passar das décadas e abarca das suas janelas.
Reza a lenda que, numa noite de lua cheia, o carvoeiro escondeu algures, na foz do rio corgo, um baú com algumas barras de ouro, resultado da sua riqueza acumulada ao longo de muitos anos de trabalho na venda do carvão vegetal. Será lenda ou verdade enterrada na memória de quem lá viveu…